Assembleia Legislativa celebra cultura e educação dos povos originários por meio de lei que instituiu Dia do Professor Indígena

Prazo do crédito consignado do INSS sobe de 84 para 96 meses
Boletos podem ser pagos por Pix a partir desta segunda-feira
Transações por Pix voltam a aumentar na segunda metade de janeiro
Lula sanciona regulamentação da reforma tributária sobre consumo

Neste domingo (28), é celebrado o Dia do Professor Indígena, instituído por meio da Lei Estadual nº 1.180/2017, de autoria da ex-deputada Lenir Rodrigues. A data tem o intuito de homenagear o profissional indígena que atua nas salas de aulas e reforça a necessidade da educação de qualidade e diferenciada aos povos originários.

De acordo com a norma, os estabelecimentos de ensino poderão promover solenidades em que se enalteça a função do mestre na sociedade, envolvendo a participação dos alunos e da comunidade escolar. O dia escolhido é uma homenagem ao aniversário de Natalina da Silva Messias, professora da etnia Macuxi e militante da Organização de Professores Indígenas de Roraima (Opirr).

Para o presidente da Casa Legislativa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), a data reflete a grande contribuição desses profissionais para a preservação da cultura indígena.

Deputado Soldado Sampaio, presidente da ALE-RR, considera que o professor indígena fortalece identidade dos povos originários – Marley Lima/SupCom-ALE-RR

“Celebrar o Dia do Professor Indígena é reconhecer a importância desses educadores na preservação e transmissão dos saberes tradicionais. Eles são fundamentais na construção de uma educação que respeita e valoriza a diversidade cultural dos povos indígenas, fortalecendo as identidades dos povos originários e promovendo um futuro mais inclusivo e justo para todos”, pontuou o parlamentar.

A homenagem aos educadores dos povos originários se torna ainda mais justa quando se analisam os dados educacionais de Roraima. Conforme o Censo Escolar da Educação Indígena, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2023, o Estado possui um total de 371 escolas, das quais 251 são indígenas.

Ainda de acordo com Inep, a participação indígena nas escolas também cresceu, sendo que em 2022 foram contabilizadas 21.569 matrículas de alunos, o que representa um aumento de 23,5% em comparação com 2015. Consequentemente, esse crescimento demandou também qualificação profissional.

A professora Mariana Cunha, indígena da etnia Macuxi, integra o corpo docente da licenciatura intercultural do Instituto Insikiran, curso exclusivo para formação de professores indígenas e vinculado à Universidade Federal de Roraima (UFRR). Bióloga, doutoranda em ciências ambientais e com quase 20 anos de experiência em sala de aula, ela destacou que o professor indígena é essencial para a manutenção da cultura dos povos originários.

“A valorização do profissional que entende a dinâmica da comunidade, que a vivencia e fala a língua dos seus alunos é fundamental. O professor que atua na sala de aula tem o conhecimento do cotidiano e das vivências daquela etnia, o que torna o aprendizado mais fácil”, esclareceu a professora.

Sobre esse assunto, ela lembrou ainda que as aulas antigamente eram realizadas sem o devido respeito à língua materna, o que causou um prejuízo na preservação linguística dessa população.

“Anteriormente, quem atuava nas escolas indígenas eram profissionais não indígenas e que, portanto, não compreendiam a dinâmica dos alunos. Muitas vezes, quando o aluno queria falar a própria língua materna, era reprimido em sala de aula. Meus pais e eu, por exemplo, não falamos nossa língua indígena, não por falta de vontade, mas por um contexto histórico em que fomos reprimidos e desencorajados a utilizá-la na escola”, frisou Mariana.

Apesar disso, a docente enaltece hoje uma mudança na qualificação dos professores indígenas. “O mais interessante é que hoje sou professora dos filhos dos meus antigos alunos, e em breve serei dos netos deles. Essa trajetória é interessante: o pai se formou, o aluno concluiu o ensino médio na comunidade, foi para a universidade e retornou mais preparado para ser professor. São grandes ganhos, com pessoas mais bem preparadas e conhecedoras das práticas docentes e das leis”, concluiu Mariana.

Mais qualificação profissional

Iniciado em 2001, a Licenciatura Intercultural do Instituto Insikiran foi o primeiro curso federal criado especificamente para indígenas no país, com a proposta de atender à necessidade de formação de professores indígenas em nível superior.

Conforme destacou a coordenadora do curso universitário, Danielle Trindade, ao longo desses 20 anos, mais de 400 professores foram formados e a grande maioria atua prioritariamente nas comunidades indígenas de base.

“Estamos dedicados a fortalecer as políticas para manter as línguas indígenas vivas nas comunidades. Além disso, focamos na educação ambiental, que é um problema global e uma ameaça específica para os povos indígenas, bem como na preservação dos territórios dos povos originários, sendo esses os três pilares dentro do curso”, explicou Danielle.

Com a evolução da educação indígena em Roraima e a consequente procura pelo curso de formação de professores, a coordenadora informou que novos cursos foram lançados este ano, agora focados na educação infantil.

“A partir de agosto, iniciaremos dois novos cursos de nível superior: Pedagogia Intercultural Indígena, com 60 alunos; e Educação Especial Inclusiva Intercultural, com 70 alunos. Isso representa uma grande conquista, fruto da demanda das comunidades indígenas. Até então, formávamos somente professores para o ensino fundamental II e ensino médio e, neste novo momento, a Pedagogia Intercultural preencherá a lacuna na formação para a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental”,  disse entusiasmada.

Fonte: SupCom ALERR

Está gostando do conteúdo ? Compartilhe!

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Telegram
Email
Print

Confira mais ...

Com apenas dois anos de mandato Rarison Barbosa conquista vários direitos para Polícia Penal
Prefeitos de Roraima se reúnem com o presidente em Brasília para discutir pautas municipais
Feira Roraimense de Quadrinhos está com inscrições abertas para artistas autorais
Bosque dos Papagaios se torna santuário de animais silvestres
Prazo do crédito consignado do INSS sobe de 84 para 96 meses
Hugo Motta promete imparcialidade na pauta da anistia do 8 de janeiro
De forma lúdica e criativa, professora de escola municipal aborda bullying em livro infantil
Boletos podem ser pagos por Pix a partir desta segunda-feira