Em 1974, ainda adolescente, Ubiracy Jesus Gomes chegou a Boa Vista acompanhado da mãe, dona Alice, e de parte dos 12 irmãos. A família, natural de Teresina (PI), aceitou o convite de amigos que já moravam em Roraima, quando o então Território Federal ainda dava seus primeiros passos de estruturação. Em meio a poucas famílias, mas a um grande espírito de acolhimento, os recém-chegados encontraram um ambiente de oportunidades que marcaria para sempre suas vidas.

“Fomos muito bem recebidos. Logo minhas irmãs mais velhas conseguiram empregos no governo do ex-Território, e eu também tive a oportunidade de começar a trabalhar cedo. Essa terra só me deu oportunidades do começo ao fim”, relembra Ubiracy, que carrega o orgulho de ter participado da construção da história do estado.
O ingresso no mercado de trabalho veio em 1986, na empresa JCastro Eda. No ano seguinte, passou a atuar no governo do ex-Território, em funções administrativas, até migrar, em 1989, para a Secretaria de Segurança Pública, onde desempenhou o cargo de agente de polícia. Com a aprovação da PEC da Transposição, em 2014, teve o vínculo reconhecido oficialmente como servidor do quadro em extinção, consolidando uma trajetória de dedicação ao serviço público e à sociedade roraimense.

Hoje, casado há 38 anos, pai de dois filhos e avô de três netos, Ubiracy olha para o passado com gratidão. “Tenho motivos de sobra para amar esta terra, que me deu paz, trabalho e dignidade. Roraima é um lugar de oportunidades e de abundante graça de Deus”, afirmou emocionado. Para ele, o estado é uma poesia viva que se revela nas paisagens, nos buritizais e nos traços do povo miscigenado que faz de Roraima um lugar único.
37 anos de Roraima
Histórias como a de Ubiracy se confundem com a trajetória do estado, que neste domingo, 5 de outubro, completa 37 anos de criação. Transformado em unidade federativa pela Constituição de 1988, Roraima conquistou autonomia política e administrativa, elegendo governador, deputados estaduais e representantes no Congresso Nacional. Desde então, consolidou sua identidade, unindo tradição, diversidade cultural e desenvolvimento.

A Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) tem papel central nesse processo. Desde a primeira legislatura, o Parlamento estadual se firmou como espaço de representatividade popular, responsável por discutir e aprovar leis que orientam o desenvolvimento regional, preservam a memória institucional e defendem os interesses da população.
Para o presidente da ALERR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), a data é mais que uma celebração: é um momento de reflexão sobre o futuro.

“São apenas 37 anos, um estado muito jovem, mas que carrega uma responsabilidade enorme. A Assembleia tem buscado resgatar a história do Legislativo, valorizar os servidores que ajudaram a construir essa trajetória e, principalmente, legislar com foco no futuro de Roraima”, destacou.
Compromisso com o futuro
Nessas quase quatro décadas, a Assembleia foi palco de debates decisivos sobre saúde, educação, infraestrutura, economia, meio ambiente e direitos sociais. Projetos aprovados pela Casa reforçam a preservação da memória institucional e ampliam a integração de Roraima com outros estados e com a União. Com uma população em constante crescimento e marcada pela diversidade cultural, a ALERR reafirma seu papel de mediadora entre governo e sociedade, garantindo voz e participação popular no processo legislativo.
Desenvolvimento em números
A força desse crescimento é confirmada por especialistas. Jadila Silva, coordenadora-geral de Estudos Econômicos e Sociais da Secretaria de Planejamento (Seplan), explica que os indicadores comprovam o avanço.
“Quando olhamos para o nosso estado, conseguimos de fato enxergar o crescimento e o desenvolvimento de Roraima. Aqui acompanhamos dados e produzimos informações que orientam a tomada de decisão do gestor público e mantêm a sociedade informada. Monitoramos a cesta básica, emprego, desemprego e analisamos como esses números impactam a vida da população. Hoje, Roraima se destaca no PIB, está entre os primeiros em geração de emprego no país e apresenta um cenário cada vez mais favorável para negócios e novas oportunidades”, destacou.
Identidade e memória
Para o professor e pesquisador Mauricio Zouein, compreender a juventude de Roraima exige olhar para o passado mais distante. Ele lembra que a história da região começou no século XVII, com a resistência indígena à invasão espanhola, e seguiu com a presença portuguesa na construção do Forte São Joaquim e de aldeamentos como Santa Maria e Nossa Senhora da Conceição.
“As primeiras imagens que temos são das edificações, não das pessoas. Só depois, com a fotografia, os rostos passaram a aparecer. É um registro importante, mas que precisa ser complementado pela memória oral, pelas histórias de quem viveu aqui”, ressaltou.
Zouein reforça que a modernidade não pode apagar as raízes.
“Vejo com certa tristeza quando a juventude desconhece que a história não começou há 37 anos, mas há 200 ou 300 anos. É fundamental preservar a identidade cultural, respeitar os saberes do passado e equilibrá-los com o avanço tecnológico. Só assim Roraima poderá crescer sem perder sua essência”, concluiu.
Celebração e legado
Aos 37 anos, Roraima segue como uma terra de oportunidades, marcada pela determinação do seu povo e pela força da diversidade. A Assembleia Legislativa reafirma seu compromisso de caminhar lado a lado com a sociedade, valorizando a memória, promovendo cidadania e sendo protagonista na construção de um futuro de desenvolvimento sustentável e respeito às particularidades do estado mais jovem do Brasil.
Texto: Bárbara Carvalho
Fotos: Jader Souza/ Nonato Sousa e Tiago Orihuela
SupCom ALE-RR
Fonte e imagens: ALE-RR POR SUPERVISÃO DE COMUNICAÇÃO– Leia a matéria completa aqui