Enquanto líderes mundiais buscam destaque na Assembleia Geral da ONU, os principais atores do bloco adversário dos Estados Unidos na Guerra Fria 2.0 têm outros planos.
O presidente russo, Vladimir Putin, fará sua primeira viagem ao exterior desde a emissão de um mandado de prisão pelo Tribunal Penal Internacional em março. Ele visitará a China de Xi Jinping, seu aliado principal na rivalidade geopolítica com os EUA.
Embora Putin e Xi tenham faltado a reuniões anteriores da ONU, ambos enfatizam o multilateralismo em seus discursos de política externa. Agora, eles passam das palavras para ações concretas. A Rússia recebeu o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, para discutir questões como a Guerra na Ucrânia e a tensão na Península Coreana. Putin também se encontrou com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, aliado de Pequim.
Além disso, o ministro da Defesa russo, Serguei Choigu, planeja visitar o Irã para discutir cooperação militar, o que preocupa os aliados dos EUA no Indo-Pacífico. Drones iranianos estão sendo usados na Ucrânia, e os norte-coreanos podem fornecer munição para a Rússia.
Essa aliança entre Rússia, China, Irã e Coreia do Norte está causando preocupação no Indo-Pacífico, com Japão e Coreia do Sul pedindo que Moscou interrompa o contato militar com Kim devido a ameaças nucleares.
Além disso, o ditador sírio, Bashar al-Assad, visitará Pequim, graças ao apoio militar russo que o ajudou a permanecer no poder na Síria.
Esse cenário global se intensificou com a ascensão da China, levando a um confronto com os EUA, que se agravou durante as administrações de Donald Trump e Joe Biden.
Na ONU, teremos três cenários: os EUA e aliados denunciando a agressividade da Rússia e da China, o presidente ucraniano denunciando a invasão de seu país, e líderes emergentes como Luiz Inácio Lula da Silva criticando a falta de representatividade no Conselho de Segurança da ONU.
Entretanto, a posição do Brasil é contestada pelo Ocidente, pois condena a invasão russa, mas não adota sanções contra Moscou e mantém uma posição de neutralidade que é menos firme do que a da Índia, que é cortejada pelos EUA e Europa.